Fechou com chave de ouro o ano do Ferrari F40

Modelo que foi oferecido novo a Alain Prost chegou a 3.886.250 dólares no leilão de Abu Dhabi.

Num leilão cujo catálogo era quase todo formado por super-carros actuais – a que se somava um McLaren de F. 1 que ainda nem foi construído… – sabia-se que não faltariam milhões na venda da RM/Sotheby’s em Abu Dhabi. Assim também aconteceu com o Ferrari F40, ex-Alain Prost, que chegou a 3.886.250 dólares.

Dos 14 que estiveram em catálogo, o ano de 2025 vai chegar ao fim com 10 Ferrari F40 vendidos em leilão. Num “fenómeno” que se vem desenvolvendo desde há três anos (ver https://www.auto-vintage.net/2023/02/um-fenomeno-de-venda-chamado-ferrari-f40.html), mas que teve em 2025 o seu “ano de ouro”, pois nunca o modelo tinha feito movimentar tanto dinheiro.

No que diz respeito ao F40 agora vendido, registe-se que é a segunda vez que é proposto ao mercado, sendo que em Maio de 2023 (também pela mão da RM/Sotheby’s, numa venda online) não apareceu ninguém disposto a pagar os 2,75/3,3 milhões de dólares que então eram pedidos (https://www.auto-vintage.net/2023/04/novo-recorde-vista-f40-ex-prost-venda.html).

A história agora foi diferente e tendo aumentado o preço estimado – agora estava anunciado entre os 3,2 e 3,7 milhões de dólares – a licitação ultrapassou o máximo, só terminando nos referidos 3.886.250, valor que, apesar de tudo, não chegou (por pouco) para ultrapassar o recorde de 3.965.000 dólares que foram pagos, a 19 de Agosto de 2022, pelo F40 mais caro de sempre, vendido pela Gooding & Company em Monterey.

A história do F40 de Prost começou em Novembro de 1989, quando o francês tinha acabado de conquistar o seu terceiro título mundial e decidiu deixar a McLaren para se juntar à Ferrari. Tornou-se o primeiro piloto recrutado pela Scuderia após a morte de Enzo Ferrari, mas a marca manteve a tradição e, para dar as boas-vindas ao seu novo campeão, entregou-lhe as chaves do que era então o carro de estrada mais rápido do mundo.

Acabado de construir já em 1990, o chassis 83249 foi entregue a Prost, que pouco o utilizou (quando saiu das mãos do piloto francês tinha apenas 4.765 quilómetros percorridos). Pouco depois, vendeu-o ao britânico Graham de Zille, não sem que antes tenha assinado o tejadilho, autógrafo que foi protegido por uma camada de verniz espesso, permanecendo perfeitamente visível até hoje, conferindo um carácter sagrado a este automóvel já de si extraordinário.

Nas décadas seguintes mudou várias vezes de proprietário, entre o Reino Unido, Jersey e depois França, sempre em colecções privadas. Em 2016, recebeu a certificação Ferrari Classiche, confirmando que mantinha o chassis, o motor, a caixa de velocidades e a carroçaria originais. Nesse mesmo ano, regressou a Maranello para participar na celebração do 70º aniversário da Ferrari.

Agora, em Abu Dhabi, perante uma plateia de compradores internacionais, com uma história toda conhecida, o seu estado de conservação notável, a sua quilometragem muito baixa e, sobretudo, a sua ligação directa a um dos pilotos mais emblemáticos da Fórmula 1, a licitação foi um frenesim.

O martelo acabou por cair em 3.886.250 dólares, confirmando a aura quase mítica deste automóvel.

Foto: RM/Sotheby’s