Automóveis: a paixão segundo Alain Delon

Actor falecido no fim-de-semana enamorava-se por um modelo (da Ferrari, principalmente) e depois… abandonava-o.

Alain Delon, um dos maiores actores e “sex-symbols” franceses, falecido há dias, também era conhecido pela sua paixão pelos automóveis. Porém, como em outras matérias, rapidamente se enamorava e depois… esquecia-se.

Nunca será fácil analisar a personalidade de Alain Delon. Na vida e, no que nos interessa aqui, no que diz respeito aos automóveis.

Eventualmente, muito da sua inconstância nas paixões estará nas suas origens.

Os pais divorciaram-se quando ele tinha quatro anos e o pequeno Alain foi adoptado por um casal que pouco tempo depois foi assassinado.

Voltou para casa da mãe biológica, que entretanto casara uma segunda vez, e depois teve guarda partilhada também pelo pai, que também contraíra segundo matrimónio.

Teve uma infância problemática, uma adolescência ainda mais instável e aos 15 anos abandonou a escola, alistando-se na Marinha dois anos depois, terminando essa “missão” com um processo disciplinar.

“Descoberto” nas ruas de Cannes – o produtor de Hollywood David O. Selznick, mal o viu, ofereceu-lhe um contrato na meca do Cinema  – acabou por não ir para a California, começando a carreira em França.

Era já uma estrela quando comprou um Ferrari 250 GT California – é célebre a foto ao volante da máquina italiana, tendo a seu lado Jane Fonda –, automóvel que foi notícia em 2015, quando reapareceu (na imagem) como “barn-find”, incluído no leilão da Colecção Baillon (sendo vendido por 16 milhões de euros).

Teve vários modelos fabricados em Maranello e, anos mais tarde, em 1989, comprou um Ferrari Testarossa, automóvel que vendeu, pouco depois, com menos de 20 mil quilómetros…

Pelo caminho, comprou um Lancia Monte Carlo Turbo, que inscreveu nas 24 Horas de Le Mans de 1980.

Ganhou, entretanto, uma paixão enorme pela Ferrari, aparecendo muitas vezes em Grandes Prémios, pela mão do seu amigo pessoal Jean Todt.

Tornou-se íntimo de Michael Schumacher e, ainda antes, de Alain Prost, motivo que o levou até Suzuka, para ver de perto o duelo Sena-Prost no G. P. do Japão de 1990.

Declarou então: “Vim encorajar o meu amigo Alain Prost, o que é normal porque sou ferrarista e francês e sou muito próximo do Alain, há muito tempo”.

Em 1996 viveu o que, nas suas palavras, foi uma das suas maiores honras: com a bandeira francesa, deu a partida às 24 Horas de Le Mans.

Grande coleccionador de Arte – destacando-se a quantidade de esculturas feitas por Rembrandt Bugatti (irmão de Ettore) que juntou em sua casa – já neste século deu uma entrevista onde afirmava: “Há quem compre automóveis. Eu prefiro quadros”.

Enfim, uma personagem única, que partiu no passado dia 18.

Foto: Artcurial