Faleceu um dos maiores coleccionadores de Clássicos do Mundo, que tinha paixão pelos Bugatti… mas não só.
Com 82 anos feitos em Janeiro passado e seriamente doente há cerca de um ano, Peter W. Mullin faleceu ontem em Big Sur, na California. Criador do museu com o seu nome – o Mullin Automotive Museum, em Oxnard, também na California –, Peter Mullin era um dos maiores colecionadores de automóveis clássicos do Mundo. Isso e muito mais…
Nascido em South Passadena, nos arredores de Los Angeles, filho de um engenheiro químico da Mobil, foi com o pai que Peter Mullin tomou contacto com os salões de automóveis. No entanto, ao contrário do pai (Peter Mullin não se dedicou à Engenharia, mas antes à Economia, e fez fortuna no mundo financeiro) o que o atraiu nos automóveis foi, principalmente, a estética.
E, dentro dos Clássicos, havia um país (a França) e um período (entre Guerras) que o atraía particularmente.
Começou a coleccionar automóveis há mais de quatro décadas – ele que dizia não ser um coleccionador, mas “apenas” um guardião de peças de Arte –, chegando ao fim da sua vida com centenas de automóveis distribuídos por museus e garagens.
Conhecido também como filantropo, em 2010, em parceria com a sua mulher, Merle Mullin, criou o Mullin Automotive Museum, que se tornou em muito mais do que um museu automóvel.
É certo que do acervo do museu constam modelos únicos de marcas como a Voisin, Bugatti, Talbot-Lago, Delage ou Delahaye, mas também inúmeras peças do período Art Deco (móveis, pintura, escultura, etc.), fazendo do espaço uma autêntica cápsula do tempo, onde se pode recuar até aos Anos 20 e 30 do século passado.
No mesmo ano em que foi inaugurado o museu com o seu nome de família, em 2010, Peter Mullin, em parceria com o casal Rob e Melani Walton (donos da Wal Mart), adquiriu, por 30 milhões de dólares, aquele que é o automóvel que mais vezes é associado ao seu nome, o primeiro Bugatti Type 57 SC Atlantic a ter sido construído – apenas quatro fabricados e três existentes –, feito para o Barão de Rothschild e que desde 1971 era propriedade de Peter Williamson.
Sendo o mais valioso, estava longe de ser o único Bugatti de Peter Mullin – há quem diga que detinha a maior colecção de Clássicos da marca, tendo sido o presidente do Bugatti Club of America – e o único dos modelos com que concorria a concursos de elegância ou participava em outro tipo de eventos para Clássicos.
Em 2011, por exemplo, concorreu ao Concurso de Elegância de Pebble Beach com um Voisin C-25 Aerodyne, regressando a casa com o título de “Best of Show”.
Os interesses de Peter Mullin não se esgotavam, porém, nos automóveis Clássicos. Arte, música, vinhos e até bonsais prendiam a sua atenção. Diz quem o conheceu que era um “príncipe do Renascimento”. Ao ponto de, sempre em parceria com Merle, ter comprado uma propriedade na Toscana, produzindo vinho, azeite e mel…
A data da morte de Peter Mullin não deixa de ter algo de irónico: no passado domingo, em Molsheim, realizou-se a 40ª edição do Bugatti Festival, com participantes vindos de todo o Mundo, que anualmente celebra o nascimento (15 de Setembro de 1881). Ontem, horas antes do falecimento, o Conselho Distrital de West Oxfordshire, aprovou a construção do “Mullin Project”, a versão britânica do Mullin Automotive Museum, travada durante cerca de 30 anos pelas populações locais.
Peter Mullin e a sua mulher Merge aquando da vitória em Pebble Beach, com o Voisin C-25 Aerodyne.
Alguns dos Bugatti de Peter Mullin, na exposição “The Art of Bugatti”, realizada no Mullin Automotive Museum em 2014.
O Bugatti Type 57 SC Atlantic de Peter Mullin, quando lhe foi atribuído, em 2018, o título de “Best of the Best”.
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