O fantástico “catálogo”… do que não se vendeu

Apesar dos quase 120 milhões de euros pagos pelos 333 arrematados, 110 automóveis ficaram sem comprador nos leilões de Paris.

“Invendu” ou “Still for sale”. Expressões apostas a 110 automóveis que constavam dos catálogos dos três leilões de Paris e que não encontraram novo dono. A sua reunião daria para fazer um excelente leilão. E não se pense que apenas ficou por vender aquilo que era caro…

No total, as vendas da RM/Sotheby’s, Bonhams e Artcurial movimentaram 118,8 milhões de euros, o total pago pelos 333 automóveis vendidos.

Um bom resultado, dizem todos, mas os 110 automóveis que ficaram no mesmo sítio poderiam formar um excelente catálogo.

O mais valioso seria, de longe, o Ferrari 250 LM Barchetta, de 1964, que a Artcurial propunha por 25 milhões de euros, mas que “apenas” teve como lance mais alto os 20 milhões.

Automóvel de corrida que nunca chegou a correr, o 250 LM lidera uma longa lista de modelos de competição que não encontraram comprador.

Assim aconteceu com o Porsche 904 GTS, do catálogo da RM/Sotheby’s (proposto por 2.100.000 euros), que correu no Mundial de Sport-Protótipos de 1964 a 1966 (vencendo a classe nos 100Km de Nürburgring), mas também com o Ferrari 308 GTB, de 1976, campeão italiano de Grupo 4, com Carlo Facetti (no mesmo catálogo, com valor estimado de 800 mil euros).

A mesma sorte (ou falta dela) teve o De Tomaso Pantera, de Grupo 4, que correu nas 24 Horas de Le Mans de 1972, leiloado pela Bonhams, com um valor estimado entre os os 650 e os 850.000 euros.

Ainda da competição, e voltando ao leilão da Artcurial, ficaram por vender automóveis como o Renault  Supercinq GT Turbo Gr.N, que Alain Oreille levou ao título mundial (estimado entre 60 e 80.000 euros), mas também o Lancia Delta Integrale 16v Gr.A, de 1989, ex-fábrica (segundo no Acrópole 1988, com Mikael Ericsson ao volante) e, posteriormente, da Fiat France, que o confiou a Bruno Saby (estimado entre 400 e 600.000 euros) e, ainda, o Ford Focus WRC, de 1999, que foi guiado por Colin McRae e por François Delecour (entre 300 e 400.000 euros).

Num conjunto de leilões onde o nome do anterior proprietário, como Diego Armando Maradona (Mercedes 450 SLC) ou Jay Kay da banda Jamiroquai (Mercedes 600 Grosser) não chegaram para convencer os compradores, o maior fenómeno negativo, em termos de marcas, foi registado pela Delahaye.

Os três belos exemplares dos 135 M propostos pela Bonhams, o 135 MS Cabriolet oferecido pela Artcurial e o 148 L Cabriolet Mylord Grand Luxe do catálogo da RM/Sotheby’s tiveram todos o mesmo destino: “Invendu”.

Não menos curioso é o que se passou com os dois Bugatti Type 55 que subiram ao palco na capital francesa. O que era proposto pela Bonhams estava estimado entre três e quatro milhões de euros. O do catálogo da RM/Sotheby’s “apenas” 1.800.000. Ambos tiveram a mesma sorte: “Still for sale”.

E mesmo no leilão da Artcurial, onde os Bugatti T35C e o T43 “Prima Donna” foram um êxito, o Type 57 Atalante, de 1935, não encontrou ninguém disposto a pagar por ele entre dois e três milhões de euros.

Mas, como dissemos a abrir, isso não aconteceu somente com os modelos de milhões: um “simples” Fiat Abarth 595, com valor estimado pela Bonhams entre 30 e 40 mil euros, também voltou para casa, por falta de comprador.


Foto: RM/Sotheby’s

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