Leilão (em Outubro) terá dezenas de automóveis “irrecuperáveis”, mas também outros completos, que são únicos.
Desde que, há cerca de duas semanas, a RM/Sotheby’s anunciou o seu próximo leilão “The Junkyard: The Rudi Klein Collection”, não param de surgir notícias, na imprensa generalista e na especializada, sobre o que Rudi Klein reuniu ao longo de décadas. Ferro-velho… mas não só.
Anunciado por muitos como o maior “barn-find” dos últimos tempos, na verdade nem isso é verdade.
A existência do ferro-velho de Rudi Klein de há muito que era do conhecimento público, até porque ele era a base do seu negócio.
Tendo migrado pra os Estados Unidos no final da década de 50 do século passado, este cidadão alemão começou por ser talhante na California.
Porém, ao fim de pouco tempo, verificou que ali havia muito interesse por automóveis de luxo e desportivos de origem europeia e que os proprietários desses automóveis tinham alguma dificuldade em encontrarem peças de reposição.
Daí que Klein tenha criado uma empresa para comprar “europeus” acidentados, que depois vendia às peças. Foi assim que nasceu, em 1967, a “Porche Foreign Auto” assim denominada (“Porche” e não “Porsche”, para não ter conflitos com o fabricante alemão).
Klein fez bastante dinheiro com o negócio e começou a comprar automóveis não para os desmantelar mas para os coleccionar.
E também serão esses automóveis – para além dos incontáveis Porsche, Ferrari, Lamborghini, etc., etc. em muito mau estado – que constarão do catálogo da venda de Outubro (e não de Setembro, como muitas vezes tem sido escrito), cujos lotes serão conhecidos dentro de semanas.
Uma das “pérolas” da Rudi Klein Collection será o Mercedes-Benz 500K, de 1935, com carroçaria construída pela Sindelfingen especificamente para o piloto dos Flechas de Prata Rudi Caracciola.
Klein comprou o exclusivo Mercedes (na imagem) em 1978, em Pebble Beach, e depois, em 1980, até o levou, para venda, a um salão em Newport Beach.
Como ninguém o comprou, colocou-o no camião e nunca mais ninguém viu o modelo fora das instalações da Porche Foreign Auto.
O 500K parece estar em razoável estado, tal como os mais valiosos, que Rudi Klein não comprou para desmantelar.
É o o caso de um Mercedes-Benz 300 SL Alloy Gullwing (um dos 29 que foram fabricados com carroçaria em alumínio), sendo que no “ferro-velho” há, pelo menos, mais dois Gullwing “normais” e dois 300 SL Roadster.
Ao longo dos anos – que terminaram em 2001, quando o alemão faleceu, com 65 anos de idade – Klein nunca perdeu uma oportunidade de comprar aos executivos californianos modelos europeus exclusivos.
Ao produtor televisivo Greg Garrison comprou outro automóvel único, o protótipo do Iso Grifo A3/L Spyder, de 1967, automóvel criado pela Bertone e que tinha ido para a California para que fosse feita uma campanha publicitária da marca.
Origem idêntica – a utilização em produções publicitárias – teve o Horch 855 Special Roadster, de 1939, que é hoje o único sobrevivente do modelo de luxo alemão.
Klein, que abriu as portas do seu ferro-velho a muito poucas pessoas (sempre sem deixar fotografar…) deixou o que reuniu aos dois filhos, que durante algum tempo deram continuidade ao negócio da venda de peças usadas.
Agora, 23 anos depois do falecimento de Rudi Klein, decidiram vender tudo. Os automóveis que com uma limpeza e revisão voltarão a brilhar e as dezenas de outros, que apenas servirão para peças.
Foto: RM/Sotheby’s
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