Depois do recorde estabelecido em 2014, o chassis 3851 GT foi alvo de um restauro que o devolveu à forma e cor originais.
A 14 de Agosto de 2014, num leilão promovido pela Bonhams, o Ferrari 250 GTO de chassis 3851 GT, foi arrematado por 38 milhões de dólares, um recorde para a época. Passada uma década, quanto valerá o renovado GTO?
Ns últimos dez anos, em leilão, apenas um outro 250 GTO foi vendido (o chassis 3413, vendido em Novembro passado, trata-se na verdade não um 250 GTO mas sim de um 330 LM), por um valor bastante superior: 48,4 milhões de dólares, pagos em 2018.
Mas, voltando à venda realizada há precisamente dez anos, qual será hoje o valor da raridade?
Comprado pelo brasileiro Carlos Monteverde, pelos referidos 38 milhões (ainda hoje o quarto maior valor em leilão), na altura muitos afirmaram que foi barato.
Certo é que Monteverde – que dá bom uso aos seus raros automóveis – não se limitou a guardá-lo na garagem.
Sabendo-se que na origem o chassis 3851 GT foi originalmente utilizado no Tour Auto de 1962 pela dupla Jo Schlesser-Henri Oreiller e que nessa altura era cinza metalizado (com uma risca longitudinal, com as cores da bandeira francesa), Monteverde decidiu devolver-lhe essa cor e tudo o que era possível de original.
Em 2018 o milionário 250 GTO deu entrada nas oficinas da Ferrari Classiche, onde veio a ser alvo de um restauro que durou quatro anos.
Hoje, como se pode ver na imagem, para além de ter abandonado o vermelho que apresentava há dez anos, a própria face é diferente, sendo agora igual ao que era em 1962.
Os técnicos da Ferrari Classiche tiveram de recorrer a documentação da época, nomeadamente a fotografias, para levarem a cabo a tarefa.
Como eram construídos à mão, cada GTO era ligeiramente diferente do outro: em parte devido às solicitações dos clientes, mas principalmente porque as carroçarias eram produzidas martelando folhas de alumínio sobre formas de madeira.
Por outro lado, no caso do 3851 GT, os faróis não eram os Marchal instalados nos outros GTO, mas sim Cibié, marca francesa que patrocinava Henri Oreiller.
Dado o carácter quase espartano deste ícone dos Ferrari GT, os bancos mantiveram o seu tecido azul original.
A nível mecânico, foi efectuada uma revisão completa ao V12 de 3 litros com especificações de competição, com o chassis, suspensão, eixo, transmissão e sistema de travagem a receber o mesmo tratamento.
Hoje o 250 GTO apresenta-se imaculado, num regresso glorioso ao passado, que é também uma homenagem à estreia sensacional, que não foi afortunado para os seus primeiros pilotos (Henri Oreiller morreu ao volante do GTO, a 7 de Outubro de 1962), mas que foi redimido pelo amor daqueles que tiveram a sorte de ser seus proprietários nas décadas seguintes.
Quanto valerá hoje? Não sabemos, mas certamente muito mais do que os 38 milhões de há dez anos.
Foto: Ferrari
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