“The Lost & Found Collection”: da tempestade veio a bonança


Os 20 Ferrari (que serão leiloados em Agosto) que o furacão Charley pôs a descoberto em 2004.


Estiveram década e meia fechados num armazém, até que, há 19 anos, ficaram à chuva e ao vento, por força do furacão Charley. Depois foram levados para Indianapolis, onde ficaram… esquecidos. Os 20 Ferrari reaparecem agora, pela mão da leiloeira RM/Sotheby’s, que os vai vender, em Agosto, sob o nome de “The Lost & Found Collection”.

A temporada de furacões de 2004 foi particularmente violenta no Sudeste dos Estados Unidos. O Charley foi nesse ano o mais devastador, causando 15 mortes e, entre muitos danos, levando consigo o tecto de uma armazém que servia para guardar uma colecção de modelos Ferrari (imagem no fundo).

Depois – facto que era do conhecimento de diversos especialistas da marca – foram levados para Indianapolis, onde foram guardados e… esquecidos.

Assim se conta mais uma história de “barn find” – que voltam a estar na “moda”, veja-se a recente venda de 240 automóveis nessa condição nos Países Baixos –, que prometem gerar muitos milhões.

Bastava terem a marca que têm para já prometerem valores elevados, mas alguns deles têm um passado que justifica a alta expectativa que a leiloeira deposita nesta venda.

Das duas dezenas destacam-se automóveis com passado na competição – Le Mans, Targa Florio, Mille Miglia – ou proveniência aristocrática.

Neste último grupo está o 250 GT Coupé Speciale, que é um dos quatro 250 GT Coupés construídos por Pinin Farina em 1956 com carroçaria estilo Superamerica. Foi vendido novo pela fábrica ao seu primeiro proprietário, o rei Mohamed V de Marrocos.

Já o 275 GTB/6C, com carroçaria em alumínio foi o automóvel exposto pela Ferrari no Salão de Turin de 1965. No ano seguinte competiu na Targa Florio, tendo ao volante Luciano Conti, editor da revista italiana Autosprint.

Pela sua raridade e estado de conservação, prevê-se que possa vir a ser o mais valioso do leilão.

Em aparente bom estado, o Ferrari 512 BB Competizione, de 1978, é um dos três exemplares preparados pela fábrica para as 24 Horas de Le Mans desse ano e inscritos por Luigi Chinetti e pala “sua” NART.

História ainda mais rica tem o automóvel que, pelo menos visualmente, se apresenta em pior estado: trata-se de um 500 Mondial Spider, de 1954, originalmente construído com uma carroçaria Pinin Farina Spider e que foi vendido novo ao chefe da Scuderia Guastalla, Franco Cornacchia, que confiou a sua condução a Franco Cortese, ex-piloto oficial da Ferrari.

Cortese e o seu co-piloto Perruchini terminaram em quarto lugar na classe nas Mille Miglia de 1954 (14º da Geral).

Posteriormente, foi convertido por Scaglietti e, entre outras “aventuras”, participou da Targa Florio de 1956, com a equipa Benzoni-Naust.

Vendido para os Estados Unidos em 1958, cinco anos mais tarde, já na mão do seu terceiro proprietário norte-americano, viu ser-lhe retirado o motor original – cujo paradeiro se desconhece, sendo o lote vendido com um motor de substituição –, para montar um V8 de fabrico americano.

Foi já nessa condição que teve um acidente em competição (seguido de incêndio), que explica o estado em que se encontra, uma vez que nunca foi recuperado.


Fotos: RM/Sotheby’s 

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