McLaren de Senna: um marco da História

MP4/6-1 da épica vitória em Interlagos – estreado, em testes, no Estoril – colocado à venda pela RM/Sotheby’s.

Tem um valor estimado entre 12 e 15 milhões de dólares, mas, por aquilo representa, nem se pode dizer que seja muito. Falamos do McLaren MP4/6-1, que Ayrton Senna levou à vitória (épica) no G.P. do Brasil de 1991. Um automóvel que rodou pela primeira vez, em testes, no Autódromo do Estoril.

Bi-campeão do Mundo no final da época de 1990, ao volante de um McLaren MP 4/5B com motor Honda V10 (o RA100E), para a temporada seguinte Senna e o seu companheiro Gerhard Berger sabiam que tinham de desenvolver uma nova máquina, agora equipada com o V 12 RA121E.

Desenhado por Neil Oatley, sob a direcção técnica de Gordon Murray, o primeiro chassis do McLaren MP4/6 (aquele que agora será vendido) viajou até Portugal em Fevereiro de 1991.

Testado pelos dois pilotos da McLaren, chassis posteriores foram enviados para Phoenix, onde a 10 de Março se correu a prova inaugural da época, o G.P. dos EUA, que Senna venceu.

Entretanto, o “nosso” MP4/6-1 seguiu viagem para o Brasil, onde, a 22 de Março, em Interlagos, Ayrton Senna tomou o volante, para iniciar os treinos.

Dois dias depois, perante o seu público, Senna rubricou uma das suas melhores exibições de sempre.

Sob difíceis condições meteorológicas, partindo da “pole”,  Ayrton foi-se destacando, até que a caixa de velocidades começou a dar problemas (recorde-se que 1991 marca o último título conseguido com uma caixa manual). Sem a quarta e com dificuldades em engrenar a quinta e a sexta, foi resistindo, cortando a meta, no final das 71 voltas ao Circuito Carlos Pace (assim se chama oficialmente a pista de Interlagos), com 2,991 segundos de vantagem para o Williams-Renault de Riccardo Patrese.

Após a volta de consagração, Senna estava tão exausto que teve de ser retirado do interior do cockpit, em sérias dificuldades físicas, patentes nas fotos do pódio, onde parecia quase não ter força para levantar o troféu.

Daí para a frente, Senna continuou a época rumo a mais um título mundial, enquanto que o McLaren MP4/6-1 foi enviado de volta para a fábrica da McLaren, de onde saiu apenas para testes.

Nunca mais correu (o que faz dele o único carro 100% vitorioso na F.1) e ali permaneceu por quase 30 anos, até que, em 2020, foi adquirido pelo actual proprietário.

Totalmente restaurado e preparado pela McLaren Heritage – será vendido com um Certificado de Autenticidade da McLaren –, de 2 a 5 de Dezembro vai ser exposto nos Emiratos Árabes Unidos, na Abu Dhabi Collectors' Week, sendo que, de 8 a 11 de Dezembro, estará à venda através do site da leiloeira.

15 milhões de dólares (ao dia de hoje, quase 13 milhões de euros) é muito dinheiro? Sim. Mas talvez pouco para um tão importante marco da História.

Foto: RM/Sotheby’s