Modelo quase levou a marca à ruína e agora vale dois milhões.
Foi lançado na Europa a 22 de Setembro de 1955 – faz hoje precisamente 66 anos – e quase levou a empresa à ruína. O singular BMW 507 acabou por se tornar num marco na História Automóvel e num dos mais valiosos Clássicos. Ainda há dias foi vendido mais um exemplar, por pouco menos do que dois milhões de euros. Mas, para a BMW, a história há 66 anos era bem diferente…
O exemplar agora vendido, no primeiro leilão que a RM/Sotheby’s realizou na estância suíça de St. Moritz, apesar da cor (Branco Papyros) idêntica ao modelo apresentado em Frankfurt em 1955 – no mesmo salão onde também fez sua estreia o MG A –, mas já da segunda série.
Trata-se de um modelo de 1958, que saiu da fábrica de Milbertshofen a 2 de Setembro desse ano, seguindo directamente para o importador suíço da BMW, a Motag de Zurich, que o vendeu a um cidadão de Lucerna.
Daí para cá, teve mais quatro proprietários, o penúltimo dos quais o restaurou totalmente, num trabalho que demorou quatro anos.
Ao ter sido vendido por 2.142.500 francos suíços, equivalentes a 1.971.100 euros, este 507 está longe de ter estabelecido um recorde para o modelo – esse continua a estar na venda astronómica realizada a 13 de Julho de 2018, quando a Bonhams leiloou um por quatro milhões de euros o que foi de John Surtees –, antes estando na média do que ultimamente tem sido pago pelos (poucos) que são colocados à venda.
Com um total de 252 unidades fabricadas, nos últimos anos têm aparecido três/quatro carros por ano nos grandes leilões. O 507 vendido em St. Moritz foi o quarto a aparecer este ano, sendo que apenas um, que a Gooding leiloou em Pebble Beach, ficou sem comprador.
Em 2020 foram leiloados dois – ambos vendidos, por cerca de dois milhões de euros – sendo 2019 um “ano negro”, uma vez que apenas foi vendido um dos quatro que subiram ao palco de um leilão.
Toda esta história contrasta com o que representou o 507 para a BMW no final dos anos 50: um inferno para o fabricante e o paraíso para quem o comprou.
Criado a pedido do importador da marca para os Estados Unidos, o mítico Max Hoffman, começou por ser vendido com um preço de 10.500 dólares (valor idêntico, ao tempo, ao de um Mercedes-Benz 300 SL), montante que não chegava para pagar todos os custos.
Por cada 507 vendido a BMW perdia dinheiro e a continuidade da sua produção ameaçava levar a marca à ruína. As contas de 1959 fecharam com um prejuízo de 15 milhões de marcos.
Os accionistas da BMW foram chamados a reforçar o capital da empresa, que rapidamente suspendeu a produção do 507, uma fonte de prejuízo, mas que serviu (e isso não tem preço…) para consagrar a BMW como uma marca de prestígio que hoje é.
Foto: RM/Sothebys
No comments: