Automóvel singular foi construído pela Kremer em 1981.
Dominador nas pistas no início da Década de 70 do século passado, o Porsche 917 teve uma segunda vida em 1981. Com uma única unidade, construída pela Kremer em colaboração com a fábrica, o 917 K81, correu nesse ano e vai agora a leilão.
Será pela mão da RM/Sotheby’s, a 10 e 11 de Maio, que o Porsche 917 K81 será leiloado – com um valor estimado entre 3,5 e 5 milhões de euros –, depois de ter estado na mão do mesmo proprietário nos últimos 13 anos.
Depois de em 1970 e 1971 terem feito 23 corridas internacionais, vencendo por 15 vezes, o 917 passou a ser inelegível para o Campeonato do Mundo de Sports-Protótipos de 1972.
Atravessou o Atlântico e passou a competir na série Can-Am, onde se destacou por dois anos consecutivos, na forma do 917/10 e 917/30 Spyder do Team Penske.
Depois, em 1974, outras mudanças de regulamentos deveriam ter ditado o fim do último capítulo da história do 917.
Sete ano depois, porém, a FIA optou por flexibilizar os regulamentos do Grupo 6, para estimular o desenvolvimento de novos componentes e novos carros para o Grupo C (introduzido em 1982), o que abriu a porta a que o 917 voltasse às pistas.
A Kremer – que até já tinha vencido as 24 Horas de Le Mans, em 1979, com um Porsche 935-K3 – viu no regulamento uma oportunidade para repetir o seu desempenho, desta vez com um Porsche 917 revisitado: o 917-K81.
Auxiliado pelo amplo conhecimento do 917 e pelo inestimável apoio da Porsche, Kremer começou a criar o “seu” 917.
Apelidado de 917-K81, o novo carro apresentava um chassis de alumínio, construído pela Kremer, semelhante ao do original, mas com triangulação adicional e tubos de bitola mais espessa para melhorar a rigidez.
Além disso, incorporou travões, componentes de suspensão e outros elementos do chassis desenvolvidos para o programa Can-Am.
A Porsche forneceu dois motores originais Tipo 912, um com capacidade de 4,5 litros e outro de 5,0 litros, aos quais estava associada uma caixa de cinco velocidades Tipo 920.
Paralelamente, a geometria da suspensão e a carroçaria foram fortemente revisadas, esta última incorporando saias laterais para melhorar o efeito de solo e uma asa traseira substancial.
Depois de um programa de testes muito limitado, a Kremer alinhou em Le Mans com o 917 K81 confiado a Bob Wollek, Guy Chasseuil e Xavier Lapeyre.
Muito lento na recta de Mulsanne, devido às relações de caixa serem muito curtas, terminou a qualificação apenas com o 18º tempo e na corrida, apesar de ter recuperado até à nona posição, acabou por desistir.
Após a decepção em Le Mans, o 917-K81 foi inscrito nos 1000Km de Brands-Hatch, com a dupla Bob Wollek-Henri Pescarolo. Wollek fez o terceiro tempo mais rápido na qualificação e manteve a liderança da corrida por um longo tempo, antes de ter que abandonar, na 52ª volta, devido a uma suspensão partida.
Apesar disso, o 917-K81 mostrou a sua verdadeira face, melhorando em dois segundos a melhor volta de um Porsche 917 em Brands-Hatch, estabelecida 11 anos antes por Vic Elford, em Abril de 1970.
Sem grande honra nem glória, terminava aí a vida desportiva do 917 “tardio”, que agora vai a leilão.
Foto: RM/Sotheby’s
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