Leilões de Monterey: Alarme ou só um acidente?

Caiu o volume global de vendas (assim como o preço médio), mas mesmo assim fizeram-se vendas de muitos milhões.


“Caótico”. Foi com essa palavra que um especialista no mercado dos Clássicos, citado pela Bloomberg, descreveu a semana de leilões de Monterey. Fizeram-se, como sempre, vendas sonantes – como a do Ferrari 412 P Berlinetta, que ilustra estas linhas, vendido por 30 milhões de dólares – mas o volume global de vendas caiu, tal como o preço médio.

Haverá razão para alarme? Como sempre, há quem diga que sim e quem tenha a opinião contrária. Certo é que os Automóveis Clássicos, nos primeiros sete meses do ano, segundo a CNBC, foram o “investimento de refúgio” que pior se comportou.

De acordo com a mesma fonte, os Clássicos, no geral do mercado internacional, caíram cerca de 7%, ao contrário da arte, jóias e relógios, todos eles a valorizar.

Voltando a Monterey, quem mais vendeu, no total, foi a RM/Sotheby’s – um pouco mais do que 150 milhões de dólares, pelos 173 automóveis vendidos –, mas ficou com 29 automóveis na garagem, por falta de comprador.

Conseguindo facturar um valor quase idêntico, a Gooding & Company, que se apresentava com um catálogo com 165 automóveis, ainda ficou com mais “não vendidos”: 36.

Percentualmente esteve melhor a Broad Arrow (vendeu 84% dos “seus” 170 automóveis), mas a um preço médio inferior, que ditou um total de 57,5 milhões de dólares movimentados.

Por entre este panorama, a Bonhams até poderia cantar vitória (mas se formos ver a percentagem de vendas foi a pior…), desde logo por ter realizado a maior venda da semana, o Ferrari 412P Berlinetta, de 1967, automóvel com largo histórico de competição, incluindo uma participação no Circuito de Vila Real de 1968, com David Piper ao volante.

Mas, mesmo os 30.250.000 dólares pagos pelo 412P (que fazem dele o quinto mais caro de sempre num leilão público) ficaram muito longe dos mais de 40 milhões que eram esperados, o que, aliás, foi um traço comum a todos os leilões, que tinham preços estimados muito superiores ao que no final foi realizado.

Talvez seja melhor seguir a linha da Mecum, que não divulga preços esperados e que, apesar de também ter ficado com muitos exemplares sem comprador, conseguiu fazer chegar mais um Ferrari F40 a 2.530.000 dólares… o mais barato dos três que se venderam este ano em Monterey.

Enfim, como ontem diziam os nossos congéneres do suíço Zwischengas, os leilões de Monterey não são necessariamente um sinal de alarme. Mas foram, nas suas palavras, um… “acidente”.


Foto: Bonhams

Leilões de Monterey: Alarme ou só um acidente? Leilões de Monterey: Alarme ou só um acidente? Reviewed by Auto Vintage on 22.8.23 Rating: 5

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