Porsche 907 – que Nicha Cabral pilotou por duas vezes – é a figura do cartaz de 2023.
Ainda a mais de dois meses da abertura das Portas de Versailles, a Retromobile de Paris começa a anunciar os destaques para a edição de 2023. Pela primeira vez, um Porsche é a figura do cartaz. Um automóvel que correu em Le Mans – cujo centenário marcará o salão – e que foi pilotado por duas vezes por Nicha Cabral.
A escolha para o cartaz da edição de 2023 é tudo menos um acaso. O Porsche 907, de chassis nº 31 e motor nº 022, foi vendido no leilão da última edição da Retromobile, por 4.390.400 euros, e, simultaneamente é um ícone do tema principal da edição do salão, o Centenário das 24 Horas de Le Mans.
Tendo sido a penúltima unidade do 907 a ter sido fabricada (de um total de 21 saídas de fábrica), o 907-031 ficou pronto em Abril de 1968, cerca de um mês antes de fazer a sua estreia em competição (como carro de fábrica) nos 1.000Km de Nürburgring, onde terminou no quarto lugar da Geral.
Não tendo sido mais utilizado no ano de estreia, a 10 de Janeiro de 1969 o 907-031 iniciou uma longa jornada, passando de mão em mão. A começar, naquela data, pela compra efectuada pelo espanhol Alex Soler-Roig, que com ele correu, nesse mesmo ano, nas 24 Horas de Daytona e nas 12 Horas de Sebring. Ainda no mesmo ano, em Espanha, alinhou e venceu nas rampas de Montseny e La Bastida e na Prueba de Jarama. Terminou o ano de 1969 nas 6 Horas de Jarama, tendo Jorge De Bagation ao volante.
Foi após a passagem do ano que foi vendido ao suíço André Wicky, que com ele disputaria muitas corridas, entre as quais os 1.000Km de Monza e os 1.000Km de Nürburgring, provas em que, fazendo dupla com o português Mário (Nicha) de Araújo Cabral, foi o vencedor da classe.
Mais tarde, apenas dois anos depois de ter saído da fábrica de Zuffenhausen, o 907-031 chegou a Le Mans. Marcou presença nos testes de Março (6º tempo à Geral) e alinhou, a 14 de Junho de 1970, à partida das 24 Horas, tendo como pilotos André Wicky, Jean-Pierre Hanrioud e… Nicha Cabral, que acabou por não chegar a conduzir, numa participação que terminou com a desistência.
Um ano mais tarde, confiado aos pilotos Walter Brun e Peter Matti (Willy Meier só conduziu nos treinos), terminou a prova na sétima posição da Geral e em primeiro na categoria 2 Litros.
Por fim, em 1972 teve nova participação – desta feita confiado à tripla Walter Brun-Peter Matti-Hervé Bayard –, com um resultado mais modesto: 18º da Geral e segundo da categoria.
Daí para a frente existe registo de mais quatro corridas, sem grande significado, passando depois a ser exemplar de colecção, primeiro do suíço Albert Eggs (que o restaurou completamente) e posteriormente do alemão Ernest Schuster, que o vendeu no ano passado.
Entretanto e regressando à Retromobile e a Le Mans, registe-se que a edição de 2023 ficará também marcada por uma exposição dedicada às participações francesas nas 24 Horas.
Em breve falaremos desse tema…
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