Histórias do nascimento de um modelo que foi um sucesso imediato e que ainda hoje tem imensos amantes.
A comemorar os seus 70 anos de idade, Giulietta continua a ser a eterna “namorada de Itália”. Falamos, é claro, do Alfa Romeo Giulietta Sprint, cuja aparição foi um tal fenómeno de popularidade imediata que obrigou ao fabrico quase artesanal das primeiras unidades.
Depois de uma apresentação à Imprensa nas instalações da marca em Portello, o Alfa Romeo Giulietta Sprint foi pela primeira vez mostrado ao público no Salão de Turin de 1954, que abriu as suas portas a 21 de Abril desse ano.
No final do certame, a Alfa Romeo tinha recebido cerca de duas mil encomendas, mas não tinha nenhum automóvel para entregar.
Foi necessária muita imaginação para que nos meses seguintes fossem fabricadas as primeiras unidades, ao que parece não mais de uma dúzia até ao final de 1954.
A mecânica saia de Portello, produzida pela Alfa Romeo, mas as carroçarias, feitas à mão, eram fabricadas pela Bertone, cabendo à Ghia fazer os interiores e a parte eléctrica.
Aliás, a própria origem das intemporais linhas do Alfa Romeo Giulietta Sprint, normalmente apenas atribuídas a Franco Scaglione, terão sido amplamente repartidas.
No início da década de 1950, a marca milanesa, recentemente vencedora de dois campeonatos consecutivos de F1 com o Alfetta conduzido primeiro por Farina e depois por Fangio, em 1950 e 1951, pretendia criar um modelo que suportasse maiores volumes de produção e visasse uma gama mais ampla e público menos elitista, sem trair as principais características que já fizeram da Alfa Romeo um sucesso: estilo, desempenho e fiabilidade.
No seio do Alfa Romeo Style Center, o primeiro desenho terá sido feito por Giuseppe Scarnati e foi com base nele que foram criados os primeiros protótipos.
O resultado, porém, não agradou totalmente a Francesco Quaroni, ao tempo director-geral da Alfa Romeo. Mario Boano, da Ghia, e Franco Scaglione, da Bertone, foram então chamados para aprimorar o novo modelo.
Os dois designers trabalharam em conjunto, até que Boano deixou a Ghia, para assumir a direcção do Fiat Style Centre. A Bertone, pela mão de Scaglione, completou então o trabalho, que tanto êxito veio a ter aos olhos dos italianos.
O resultado dos cerca de três anos de desenvolvimento foi um carro baixo, com uma lateral muito simples e limpa, enquanto a traseira, com um vidro muito inclinado e envolvente, é caracterizada por duas “barbatanas” laterais, que dão dinamismo ao conjunto: mesmo parado, o Giulietta parece estar em movimento.
Na Alfa Romeo apaixonaram-se imediatamente e duas semanas antes do lançamento, foi organizada uma pré-estreia no pátio de Portello para profissionais da Imprensa e autoridades: dois actores em trajes shakespeareanos de Romeu e... Julieta (Giulietta), abriram a cerimónia, descendo de um helicóptero…
A Giulietta Sprint – não esquecer que em Itália, como em outros países, automóvel é feminino, pois é denominado “macchina” – passou a ser a “namorada de Itália”, um dos primeiros modelos com nome feminino, que conquistou imediatamente a aprovação do público, em especial da burguesia média-alta, que o viu como o símbolo do chamado “boom económico italiano”.
Ao Sprint logo se juntaram inúmeras outras versões, como o sedã, o lendário Spider e a "cauda truncada" Giulietta SZ: de 1954 a 1965, foram produzidos 177.690 Giulietta, em todas as suas versões, testemunhando uma sucesso e um encanto que não dá sinais de diminuir apesar do passar do tempo.
É essa herança que, a partir de 2 de Junho, será celebrada com uma exposição específica, que será inaugurada no Alfa Romeo Museum.
Fotos: Media Stellantis
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