A fantástica máquina do “médico-voador”

Delahaye 135M Figoni et Falaschi vendido por 1,16 milhões de dólares.

Os Delahaye com carroçaria Figoni et Falaschi ficaram para a posteridade como dos mais belos exemplos da estética automóvel dos Anos 30 do século passado. Um exemplar muito especial, que um “médico-voador” usava para efectuar os seus domicílios, foi agora vendido, por 1,16 milhões de dólares.

Integrado no catálogo do leilão que a Worldwide Auctions acaba de levar a cabo na sua sede em Auburn, o Delahaye de 1936 tem uma história muito peculiar.

Uma das seis unidades construídas do 135M Competition Court Cabriolet, carroçado, como dissemos, pela Figoni et Falaschi – a empresa de Paris, onde Giuseppe Figoni se encarregava do design enquanto que  seu sócio Ovídio Falaschi cuidava da parte negocial – este exemplar, com o chassis nº 46837, ficou concluído em Fevereiro de 1936.

O automóvel foi entregue novo a um tal Mr. Bibal, que o deteve apenas por algumas semanas, após o que o vendeu, em Maio do mesmo ano, a Jean Tremoulet, piloto que em 1938 (ao volante de um outro Delahaye) haveria de vencer as 24 Horas de Le Mans.

Apenas há registo de uma participação deste automóvel com Tremoulet ao volante. Foi na Coupe d’Automne de 1937, disputada no Autódromo de Linas-Monthéry.

Não dando utilização a este Delahaye em competição, em 1938 Jean Tremoulet decidiu vender o automóvel, encontrando como comprador o dr. Jean-Marie Lefevre, médico na região de Vrigne-aux-Bois, que além da sua profissão tinha com paixão… o Automobilismo.

Havendo registo de uma participação em prova tendo o dr. Lefevre com piloto, numa corrida disputada entre a Place des Vosges, em Paris, e Charleville e, mais tarde, de uma deslocação ao Autódromo de Monza, o automóvel ficou mais conhecido pelo facto do médico o utilizar nas frequentes deslocações que era obrigado a efectuar para consultas ao domicílio.

O facto valeu-lhe o apelido de “médico-voador”, mas não durou por muito tempo.

Tendo começado a II Guerra Mundial no primeiro dia de Setembro de 1939 e antevendo a invasão da França pelas tropas nazis (que viria a acontecer a 10 de Maio de 1940), o dr. Lefevre decidiu esconder o Delahaye longe das Ardenas, guardando-o num armazém de um amigo que vivia em outra região de França.

Assinado o Armistício, em 1945, o dr. Lefevre, na companhia do filho foram ao encontro do seu automóvel, que, para grande surpresa, pegou à primeira.

Apesar disso, o médico de província achou que este não era o meio de transporte mais adequado para a sua profissão e vendeu-o pouco depois a André Bith, que o manteve por 13 anos.

Começou aí uma longa sucessão de transformações – do motor até à própria carroçaria, trabalho também realizado por Figoni –, de mudanças de proprietário e, por fim, de restauros, um deles (nos anos 60) realizado nas oficinas de Henri Chapron.

Acabou agora por ser vendido por 1.160.000 dólares, valor ligeiramente inferior ao “irmão” anteriormente leiloado: também pela mão da Worldwide Auctioneers, a 26 de Janeiro de 2022, um outro Delahaye 135M Competition foi vendido por 1.435.000 dólares.


Foto: Worldwide Auctioneers

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