Ferrari 330 LM/250 GTO abala mercado milionário

Anúncio da venda (em Novembro) do que poderá vir a ser o mais caro de sempre caiu como uma “bomba” no arranque de Monterey.

Aí está o auge da Semana de Monterey. Até domingo, as atenções vão para os cinco leilões de Clássicos, a apresentação de novidades por muitas marcas, as corridas em Laguna Seca e a Elegância de Pebble Beach. Vão, não. Iam. Que o anúncio da venda, em Novembro, de um Ferrari 330 LM/250 GTO caiu como uma “bomba”.

Entre o primeiro e o segundo dia do seu leilão em Monterey, a RM/Sotheby’s fez um anúncio que promete vir a marcar o ano: a 13 de Novembro, no leilão que então terá lugar no MoMa de Nova Iorque, será levado à venda um Ferrari 330 LM/250 GTO, de 1962.

Sem que a leiloeira tenha anunciado o valor desta raridade – um de dois fabricados, e o o único inscrito pela própria fábrica – a Imprensa norte-americana é unânime em apontar o valor de 60 milhões de dólares como o mínimo para ser vendido, o que, a acontecer, fará dele o Clássico mais caro vendido num leilão aberto.

Na verdade, se excluirmos a venda do Mercedes-Benz 300 SLR Uhlenhaut Coupé (143 milhões de dólares), num leilão por convite, e até algumas vendas directas (o máximo conhecido estará em 70 milhões de dólares, pagos por David MacNeil por um 250 GTO), o Clássico mais caro vendido até agora continua a ser o 250 GTO que também a RM/Sotheby’s vendeu (por 48 milhões de dólares) em Agosto de 2018.

Sendo aquele GTO um de 33 exemplares construídos, o 330 LM/250 GTO que agora é notícia é na realidade muito mais raro.

Feito para a Ferrari poder competir adaptando-se às alterações dos regulamentos desportivos que entraram em vigor em 1962, este chassis # 3765GT difere dos 250 GTO pelo facto de ter montado um motor de quatro litros (3.967,44cc), em vez do normal três litros.

A própria Ferrari, no seu site oficial, diz que o modelo agora anunciado e o seu único “irmão” são muitas vezes referidos como “os GTO’s de quatro litros”.

Sendo o único que foi inscrito pela Scuderia Ferrari (o segundo, o chassis # 4561SA, foi fabricado para o amigo de Enzo Ferrari Michel Paul-Cavallier, ou sejam, os fundadores da SEFAC, Societa Esercizio Fabbriche Automobili e Corse), participou nas 24 Horas de Le Mans de 1962, tendo como pilotos Mike Parkes e Lorenzo Bandini.

Desistindo, por sobre-aquecimento do motor, quando ocupava a sexta posição da Geral, acabou por ter como melhor resultado o segundo lugar à Geral (primeiro da classe) nos 1.000Km de Nürburgring do mesmo ano.

Vendido em 1964 a um particular (Ferdinando Latteri), rendeu então à Ferrari 6.000 dólares, valor que o The Wall Street Journal (WSJ) diz corresponder hoje a 60 mil dólares.

Quando chegou aos Estados Unidos, dois anos mais tarde, o comprador (Mario Tosi) pagou um pouco mais: 8.000 dólares.

Encontrado em 1985 por James Jaeger, este cidadão do Ohio pagou então meio milhão de dólares, valor que, novamente de acordo com os cálculos do WSJ, deverá corresponder hoje a 1,4 milhões de dólares.

Teremos de aguardar até Novembro para ver se alguém estará disposto a pagar o valor agora pedido.

Foto: RM/Sotheby’s