Um dos Porsche 911 do Safari colocado à venda em Monterey

Depois de uma vida atribulada – foi resgatado no Quénia e restaurado na Alemanha – Carrera RS de 1973 pode chegar aos três milhões de dólares.

Correu o Safari de 1973, com Björn Waldegard ao volante, e o de 1974 confiado a Edgar Herrman. Depois ficou no Quénia, correndo e, posteriormente, ficando abandonado.Foi resgatado, restaurado e agora incluído no catálogo do leilão da Broad Arrow para Monterey.

Contámos aqui, há uns meses (http://www.auto-vintage.net/2023/01/como-eram-e-onde-estao-os-originais-911.html), a saga dos 911 dos anos 70 que participaram no Safari. E demos conta, nessa altura, da saga deste Porsche 911 Carrera RS “Lightweight”, o chassis número 9113600285 (tratado simplesmente por 285), que é o que agora vai ser colocado à venda no leilão da Broad Arrow, que terá lugar em Monterey, a 17 e 18 de Agosto.

Um dos primeiros Carrera RS 2.7 Lightweight produzidos pela Porsche, com vista à produção de 500 unidades, por forma a homologá-lo em Grupo 4, alguns meses depois de fabricado foi escolhido para ser um dos automóveis de fábrica do Safari Rally de 1973.

Equipado com amortecedores e molas que aumentaram a altura do veículo, reforços de chassis, placas de protecção inferiores em alumínio, um tanque de combustível maior e, até, umas alças externas, pensadas para ser possível uma ajuda dos espectadores, caso o carro viesse a sair de estrada e atolar.

Confiado à dupla Björn Waldegaard-Hans Thorzelius, não resistiu à dureza da prova, vindo a desistir já com a meta à vista, com mais de cinco mil quilómetros percorridos.

Levado de volta para a fábrica, na Alemanha, foi totalmente refeito, adaptado para fazer os 1000 Lagos desse ano (confiado a Leo Kinnunen, que também desistiu) e depois novamente preparado para o Safari: pintado com as cores da Kühne & Nagel (que são as que apresenta actualmente) e de novo enviado para o Quénia.

Em 1974, Waldegaard optou por trocar de carro – correu com o “irmão”, o chassis 288, que está na mão do mesmo coleccionador que está a vender o 285, de matrícula S AR 7909 H, com a qual ainda se apresenta – e o 285 foi entregue à condução de Edgar Herrman, que também não o conseguiu levar até à meta, desta feita traído pela suspensão dianteira.

No final do rali, a Porsche decidiu não repatriar o 285, vendendo-o a um piloto local, que com ele correu durante um par de anos.

Acabou por ficar ao abandono, até ao dia em que o casal Gabrielle e Uwe Kurzenberger (dirigentes do German Carrera RS Club), que já tinham o Carrera nº 288, o foram resgatar a África.

Totalmente restaurado na Alemanha, como se encontrava em 1974 — apresenta-se com o nº 41, com o qual correram Edgar Herrman e Hans Schüller no Safari de 1974 –, tem um preço estimado entre o 2,5 e os 3 milhões de dólares, valor que até nem é surpreendente, se se levar em conta que há um ano, também em Monterey, um Carrera RS 2.7 Lightweight, sem o passado deste, foi vendido por 2.425.000 dólares.

Fotos: Broad Arrow