Banho de realidade nos leilões de Paris


Tirando algumas excepções – como o “campeão” Ferrari 250 LM –, preços foram moderados e muitos automóveis ficaram por vender.


Os três leilões de Paris, em paralelo com a Rétromobile – RM/Sotheby’s, Bonhams e Artcurial – movimentaram no total cerca de 111 milhões de euros. Muito dinheiro, mas bastante menos do que se previa. Parece que o mercado está a ter um banho de realidade.

Apesar da fantástica venda do Ferrari 250 LM vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1965, por quase 35 milhões de euros – o que quer dizer que este lote pesou 31,5% do total anteriormente referido – foi muito diferente o clima geral dos três leilões da Cidade Luz.

Dos 331 automóveis apresentados para venda, 52 não encontraram novo dono, mas, mais do que isso, foram inúmeros os automóveis vendidos por muito menos do que estimavam as leiloeiras e os que se apresentaram sem preço de reserva, em regra, sairam por valores (muito) moderados.

No caso da Bonhams, por exemplo, tendo sido surpreendentes os valores que atingiram três modelos da Horch dos anos 30, ao contrário, o Ferrari 166 MM Touring Barchetta, de 1950 – que era capa do catálogo –, foi vendido por 2,8 milhões de euros, quando estava estimado entre 4,6 e 6,9 milhões.

Sorte idêntica teve o, também Ferrari, 555 “Super Squalo”, que alinhou nas provas de F. 1 em 1954 e 1955: ficou-se por 1.983.750 euros, sendo que a estimativa era de valores idênticos aos anunciados para o 166 MM Touring.

Afastando a nossa atenção dos modelos de milhões para os de valor acessível a muitas mais bolsas nota-se, ainda mais, a moderação dos preços.

Na RM/Sotheby’s, retirando o produto da venda do “campeão” 250 LM, os restantes 96 automóveis vendidos renderam cerca de 50% da facturação, o que foi ditado por muitos dos lotes não terem preço de reserva, permitindo preços finais moderados.

Diversos modelos da Alfa Romeo e da Porsche (do período dos motores refrigerados a ar) sairam a preços bem interessantes para quem os comprou – de um Alfa 2000 Berlina por € 12.075 a 911 dos anos 60 a menos de 100.000 euros –, em muito em resultado de não terem preço de reserva.

A tendência para a menor valorização dos modelos dos anos 60/70 também se registou na Bonhams – mais uma vez com vários Alfa e Porsche a preços “modestos” –, onde, apesar de se estar em França, um Citroën 2CV AZ, de 1956, não foi além de 12.650 euros.

A completar o “leque” também na Artcurial – onde o modelo vendido por valor mais levado foi o Ferrari 275 GTB, de 1966, que subiu até aos 2.371.640 euros – houve bons preços, para os compradores. Nomeadamente dois Fiat de competição: um 124 Abarth, de 1973 (Grupo 4), vendido por 56.024 euros, cerca de metade (107.280 euros) do que valeu um 131 Abarth Rally, de 1976, um dos 400 fabricados para a homologação em Grupo 4.

Enfim, se for verdade, como se costuma dizer, que os leilões de Paris são um barómetro para o que promete o mercado para os próximos 12 meses, o clima parece apontar para a moderação dos preços.

Um banho de realidade…

Foto: Bonhams 

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